terça-feira, maio 03, 2011

Betão

Estava eu bem no meu posto quando um leve ruído surgiu.
Eram máquinas que ao longe rasgavam o chão
e o espaço amplo que criavam forravam de betão.
Ao longe ficaram,
tempo suficiente para não lhes sentir a diferença do estar parado
do movimento. Quer dizer
que ambos aconteciam e não se anulavam. Devagarinho,
devagarinho o barulho crescia um poucochinho.
Tal que a paisagem nem nunca mudou! tal como as estações também não a mudam.
Porque as estações são um caminho com retorno. Um sair e voltar a casa
para ter vontade de sair.
Já o betão não, não tem retorno. Não tem entrada, não tem saída. É o forro da solidão.
Sem querer, sem saber, sem querer saber, encontrei-me no meu posto rodeado de máquinas que rasgam o chão e me forram de betão.

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