segunda-feira, julho 17, 2006

takk por há pouco














viðrar vel til loftárása
ég læt mig líða áfram
í gegnum hausinn
hugsa hálfa leið
afturábaksé sjálfan mig syngja fagnaðarerindið
sem við sömdum saman
við áttum okkur draum
áttum allt
við riðum heimsendi
við riðum leitandi
klifruðum skýjakljúfa
sem síðar sprungu upp
friðurinn úti
ég lek jafnvægi
dett niður
alger þögn
ekkert svar
en það besta sem guð hefur skapað
er nýr dagur














Takk..por há pouco. Apesar das entradas em falso, das cordas partidas, da minha música-cruz-que-carrego-e-hei-de-carregar-sem-saber-bem-porquê (viðrar vel til loftárása) ter começado de forma inesperadamente óbvia, do vídeo que não correu, dos pássaros que não voaram, takk..
Nem palavras nem textos, nem sons nem melodias, nem cores nem cinzentos. Em nada o consigo expor, em nada exposto o consigo ver. A aura de inatingível é a maior fonte de atracção. Puro desafio? Ou fonte do mundo do sonho?

quarta-feira, julho 12, 2006

afago

Brilha uma luz de transparência âmbar
difusa e imprecisa
pela distância, pelo percurso, pela história
suspende-se uma imagem, um contorno

Inspiram-se fundo fraquezas
reforça-se

Equilibra-se em fino cristal
caminha às cegas
onde ninguém acredita ver mal

Hesita um passo

Antecede-se um afago

sexta-feira, julho 07, 2006

A vida secreta das palavras

Nota prévia:
Este cometário é sobre o filme "A vida secreta das palavras". Lê-lo pode ser desagradável para quem ainda não o viu e pretenda ver...Que cada um prossiga avisado e a seu próprio risco.

Receio que não hoje, não amanhã, mas um dia, comece a chorar e não consiga parar.
Receio que não me consiga conter, encha o quarto até acima de lágrimas e me afogue, afundando-te comigo


Conseguirás imaginar tal dor - dor mesmo, aguda, lancinante, prolongada, profunda e comprida - que por sobrevivida por um limiar tão pequeno é causa de vergonha. E conseguirás imaginar que a vergonha de ter sobrevivido seja maior que a lembrança da dor.
Como viver com a dor da memória e a dor da vergonha de não ter sofrido até ao fim como os puros fizeram, os que realmente sofreram na pele e na alma as amarguras da dor e do amor.
Haverá comparação? Será legitimo comparar?

Este filme é dedicado ao trabalho de acompanhamento de vítimas de tortura.

Encontrei um paralelismo nas duas personagens principais. Mas enquanto uma sofre no rescaldo da sobrevivência a actos bárbaros de tortura, a outra sofre porque por amor, por adultério, desencadeou uma tragédia que não conseguiu evitar e da qual apenas saiu ferido, queimado e temporariamente cego.

Pergunto-me se o romantismo humano levado ao seu extremo, à tragédia, é comparável com a tragédia humana, a guerra, a tortura.

O que sente nas vísceras o homem que acredita ser, e é, o causador da auto-imolação do seu melhor amigo? Uma dor cáustica, ininterrupta e inebriante. Sente lágrimas ácidas escorrerem para dentro, secas, queimando qualquer resquício de humanidade que ainda exista.
O que sente a mulher violada, esfaqueada e torturada no limiar da sobrevivência, despida da condição humana, despida de sentidos – de audição, de sabor, de tacto – renegada e destinada ao esquecimento global, ao esquecimento de si própria, à morte em vida de si própria.

Em Portugal não temos guerra. E se tivéssemos? Como seria? Esta jovem também não acreditava, no topo dos seus 20 anos, que as noticias circulantes fossem verdadeiras. Afinal estas coisas apenas acontecem aos outros. Mas foi bem perto de casa, no retorno a casa que o impossível aconteceu.
Não há impossíveis. O Homem é um ser com tanto de belo como de horrível. Romântico e hediondo. Violador e arrependido (“perdoa-me, perdoa-me” murmuravam eles ao seu ouvido).
O monstruoso é que Homens somos todos nós, homens e mulheres, românticos hediondos.