terça-feira, abril 04, 2006

O espaço publico

"A não existência de um espaço anónimo de devir das ideias e das obras retira, além do poder de criação, o dispositivo necessário (a mediação) que dessubjectiva o discurso e impede o choque dos «sujeitos»."
José Gil in Portugal, hoje-O medo de existir

Pois bem. O espaço público que não se pretende, assim tão bem sumariado, sufoca-me constantemente na sua omnipresença predadora.
São as relações historicamente enquinadas, encostadas na berma do trilho que percorriam. São os frágeis elos de aço da economia empresarial gerida pelo maniqueísmo hierárquico socio-apaziguado no sabor de um café.

Não existe consistência no espaço que constitui o meio de relacionamento interpessoal. Não existe colectivo no sentido da soma de individualidades em conjunto com a goma que as una e lhes dê um significado ou uma interpretação maior. Essa interpretação não existe por si, nem poderia existir por si, isolada, sem que alguém a corporizasse. Pois neste cenário falta também este alguém ou essa entidade.

São as expectativas galopantes a desbravar caminho, apesar de o sábio as desaconselhar a quem procura a liberdade. Mas cada vez mais creio que se referia à liberdade pessoal, individualizada, ao fruto de um caminho iniciado em sociedade.

Serei eu mais eu quando me sentir a mim em mim? Quando for livre, não no sentido de poder dizer e pensar o que me apetecer, mas no sentido de não ter nenhuma barreira maquiavélica a orientar o meu raciocínio, a personalidade, a acção?
Sim. Esse é um objectivo que não deveria ser enunciado, mas inato, invariável. E apenas uma comunidade pode propiciar tais condições. Uma sociedade de libertos comunicantes, uma comunidade caldeirão.

Pensem, e atirem-me pedras!

Um comentário:

Anônimo disse...

a prisão do esperado?.. rede que te prende a ti? ou que te prende em ti?